
Leolinda Daltro fundou o Partido Republicano Feminino antes mesmo que as mulheres pudessem votar, tamanha sua ânsia por inserir a pauta da mulher no desenvolvimento político brasileiro. Pouco antes, entrara com pedido de alistamento eleitoral, que foi veementemente negado. Para pressionar o governo, fundou o partido. Junto da amiga e também ativista Orsina Fonseca, criou a Linha de Tiro Orsina Fonseca, no intuito de prover treinamento com armas de fogo para mulheres, inexistente à época. Em 1918 foi acusada por um leitor do Jornal do Brasil de estar “interessada na masculinização de seu adorável sexo”. Dado seu direito de resposta pelo jornal, ironizou-o de neurastênico e “Adão zangado”. Este, infelizmente, não foi o único desacato que Leolinda enfrentou.
Durante toda sua vida política, como feminista, Leolinda conviveu com uma das mais aterradoras armas contra a voz da mulher: o ridículo. Apontada na rua, alcunhada em ironias e em risadas, Leolinda atou sob os olhares gozadores de quem a achava ingênua por sua luta, “digna de dó”. Sabe quando você precisa ser firme, e a chamam de “louca de TPM”, ou quando age com mansidão, e a intimidam como “mulherzinha que não aguenta pressão”? Essa foi toda a vida de Leolinda. Num período da história em que as condenações massacravam as manifestações de apoio.

Declarou-se uma mulher feliz e plena ao saber, em 1932, três anos antes de sua morte, que o voto feminino estava instituído. Seu livro Da Catequese dos índios no Brasil – Notícias e documentos para a História relata sua luta pelos povos indígenas a partir de seus registros e anotações do Sertão. Morreu num acidente de carro, em 1935.
Em 2013, o estado do Rio de Janeiro instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, condecorando a cada ano dez mulheres de destaque na defesa dos direitos e da representação feminina.
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