
Nascida na Bahia em 1860, não deixou que nada a fixasse ao solo: sabe-se que teve cinco filhos, todos criados por familiares, enquanto Leolinda percorria o Brasil disseminando ideais. Indigenista, defendia até a exaustão que os índios brasileiros fossem incorporados ao restante da sociedade, apoiando uma escolarização laica, que fugisse totalmente dos padrões jesuítas ainda presentes no Brasil. Num momento onde a questão do quê fazer com o índio era dividia em duas lógicas (ou dizimá-los sob argumento de “população estranha e inútil”, ou catequizá-los, aculturando-os totalmente), a alternativa de Leolinda era em favor da vida e da contribuição social do índio, e da manutenção – ainda que reduzida – das suas práticas culturais.
Traçou um ambicioso projeto de penetrar nos sertões e educar os índios às suas custas e providências. O projeto incomodou os dois pilares da elite brasileira à época: a Igreja e os proprietários de terra. O trabalho de Leolinda foi se tornando insustentável, mas a professora seguiu sua jornada até 1897, sendo exposta ao ridículo e ironizada em todas as cidades que passava. Precursora das discussões iniciais da questão indígena no Brasil, não ficou só no discurso: usou de seu corpo e recursos para pulverizar seu plano alternativo às ideias vigentes. No entanto, quando o Serviço de Proteção ao Índio foi criado (1910), bem depois de suas excursões pedagógicas pelo Brasil, Leolinda não foi convidada a integrá-lo.